Transtorno de Conduta

26/06/2016 15:18

TRANSTORNO DE CONDUTA

 

Os critérios diagnósticos do DSM-IV para transtorno da conduta incluem 15 possibilidades de comportamento anti-social:

O que é?

Um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade.

 

ü  Características do transtorno de conduta

ü  Crueldade com coleguinhas, irmãos etc.;

ü  Mentiras freqüentes (às vezes o tempo todo);

ü  Condutas desafiadoras às figuras de autoridade (pais, professores etc.);

ü  Impulsividade e irresponsabilidade;

ü  Baixíssima tolerância à frustração com acessos de irritabilidade ou fúria quando são contrariados;

ü  Tendência a culpar os outros por seus erros cometidos;

ü  Preocupação excessiva com seus próprios interesses;

ü  Insensibilidade ou frieza emocional;

ü  Ausência de culpa ou remorso;

ü  Falta de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;

ü  Falta de constrangimento ou vergonha quando pegos mentindo ou em flagrante;

ü  Dificuldades em manter amizades;

ü  Permanência fora de casa até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Muitas vezes podem fugir e levar dias sem aparecer em casa;

ü  Faltas constantes na escola sem justificativas ou no trabalho (quando mais velhos);

ü  Violação às regras sociais que se constituem em atos de vandalismo como destruição de propriedades alheias ou danos ao patrimônio público;

ü  Participação em fraudes (falsificação de documentos), roubos ou assaltos;

ü  Sexualidade exacerbada, muitas vezes levando outras crianças ao sexo forçado;

ü  Introdução precoce no mundo das drogas ou do álcool;

ü  Nos casos mais graves, podem cometer homicídio.

 

Por que assim se faz? "O que nós fizemos de errado para que nosso filho seja assim?"

ü    O ambiente é repetidamente testado em sua capacidade para suportar a agressão, tolerar o incômodo, impedir a destruição, preservando o objeto que é procurado e encontrado.

ü    ausência de esperança a característica básica da criança que sofreu privação. O jovem experimenta um impulso de busca do objeto, de alguém que possa encarregar-se de cuidar dele, esperando poder confiar num ambiente estável, capaz de suportar a tensão resultante do comportamento impulsivo

Fatores que levam ao desenvolvimento deste Transtorno

ü  Receber cuidados maternos e paternos inadequados

ü  Sofrer privação afetiva. - Fatores genéticos e neurofisiológicos também podem estar envolvidos no desenvolvimento do comportamento anti-social. (hereditários)

ü  Conviver com pais com comportamento anti-social ou abuso de álcool/drogas.

ü  Ter ambiente familiar agressivo e violento.

ü  Viver em meio à discórdia conjugal. Neste caso é preciso considerar a contribuição da criança para a qualidade do relacionamento entre pais e filhos, pois crianças difíceis de lidar, desobedientes e agressivas que favorecem a desorganização do ambiente familiar e o desequilíbrio e um relacionamento conjugal mais frágil. ser criado por pais agressivos e violentos,

ü  Residir em áreas urbanas e ter nível socioeconômico baixo. Pais anti-sociais também são freqüentemente irresponsáveis e negligentes com seus filhos, deixando de alimentá-los adequadamente ou levá-los ao médico quando doentes. Além disso, adolescentes vivendo na pobreza e pouco valorizados pelos pais podem buscar reconhecimento pessoal e ascensão econômica através de atividades delinqüenciais grupais.

O transtorno da conduta está frequentemente associado:  (problemas que andam junto com o transtorno)

ü  baixo rendimento escolar

ü  transtorno com déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

ü  déficit intelectual

ü  problemas de relacionamento com colegas, trazendo limitações acadêmicas e sociais ao indivíduo

ü  comportamento agressivo

ü  comprometimento do sistema nervoso central devido a exposição a álcool/drogas no período pré-natal, infecções, uso de medicamentos, traumas cranianos, etc

ü    antecedentes familiares positivos para hiperatividade e comportamento anti-social. O início precoce indica maior gravidade do quadro com maior tendência a persistir ao longo da vida.

 

Prognóstico transtorno de conduta:

Se não haver intervenção:

ü  Transtorno de personalidade anti-social. Crianças com transtorno de conduta tendem  tendem a permanecer anti-sociais na idade adulta, adultos anti-sociais tendem a ter filhos com comportamento anti-social (pais servem de modelo aos filhos), estabelecendo-se um ciclo de difícil interrupção.

ü  uso de drogas e até mesmo tentativas de suicídio. O envolvimento com drogas e gangues pode iniciar o jovem na criminalidade.

ü  Na fase adulta, notam-se sérias consequências do comportamento anti-social, como discórdia conjugal, perda de empregos, criminalidade, prisão e morte prematura violenta.

ü  Comportamentos anti-sociais mais graves (por exemplo, brigas com uso de armas, arrombamentos, assaltos)

 

Tratamentos

Equipe multidisciplinar atuante, família, paciente, sociedade, escola e terapeuta, para que desta forma se encontre harmonia na intervenção.

ü  Psicoterapia.

ü  Intervenções junto à família e à escola (por exemplo, psicoterapia familiar e individual, orientação de pais, comunidades terapêuticas e treinamento de pais e professores em técnicas).

ü  Oficinas de artes, música e esportes. Nessas oficinas, o adolescente tem a oportunidade de estabelecer vínculo afetivo com os profissionais responsáveis pelas atividades, tomando-os como modelo, além de perceber-se capaz de criar, o que favorece o desenvolvimento da auto-estima.

ü  Tratamento psiquiátricos par os pais (por exemplo, abuso de drogas).

 

 

Dicas para os familiares

Pais e familiares próximos precisam de ajuda para estabelecer limites e escolher métodos mais apropriados para educar os filhos.

Um ambiente familiar mais estruturado e com a vigilância constante de filhos "problemáticos" certamente não evita o transtorno, mas pode inibir uma manifestação mais grave. E aí, fazer toda a diferença. É lógico que estas medidas estão longe de serem ideais, são apenas paliativas e demandam muito esforço e empenho por parte dos envolvidos na criação. No entanto, não podemos desprezá-las para salvaguardar a estrutura familiar e a sociedade como um todo. As posturas que devem ser assumidas são as seguintes:

ü  Procure conhecer bem o seu filho. A maioria dos pais não sabe como ele se comporta longe dos seus olhos. Estabeleça contato com todas as pessoas do convívio dele (professores, amigos, pais dos amigos etc.). Quanto mais precocemente você identificar o problema maiores serão as chances de que ele se molde a um estilo de vida minimamente produtivo e socialmente aceito.

ü  Não permita que seu filho controle a situação. Estabeleça um programa de objetivos mínimos para obter alguns resultados positivos. Regras e limites claros são necessários para evitar as com dutas de manipulação, enganos e falta de respeito com os demais. Lembre-se que uma criança com este perfil, apresenta um talento extraordinário em distorcer as regras estabelecidas e virar o jogo a seu favor. Por isso NÃO CEDA! Se você fraquejar, certamente ela ocupará todos os

O que os pais e familiares devem evitar

O conhecimento de certas estratégias comportamentais pode ajudar muitos pais a corrigirem hábitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para o aumento da tensão familiar. Vamos referir alguns aspectos que devem ser evitados porque estimulam a desobediência.

ü  DAR ORDENS À DISTÂNCIA Falar de um quarto para o outro (onde está a criança) é algo completamente ineficaz, pois ela irá manter-se desatenta e sem cumprir a ordem. As ordens têm de ser dadas presencialmente, assegurando-se que ela as compreendeu.

ü  DAR ORDENS VAGAS Pedir à criança que se comporte “como um bom menino” não clarifica o que se espera e o que não se espera que ela faça. Há que ser o mais concreto possível!

ü  DAR ORDENS COMPLEXAS Havendo de antemão dificuldade em fixar na memória de curto prazo as atividades a fazer, solicitar a execução de várias tarefas só servirá para tornar a sua realização menos provável.

ü  DAR ORDENS COM ANTECEDÊNCIA Ordenar a uma criança que, quando acabar de brincar, tem de arrumar os brinquedos, só serve para interromper o prazer que ela está a ter, já que as ordens serão esquecidas.

ü  DAR ORDENS ACOMPANHADAS DE MUITAS EXPLICAÇÕES Muitos pais, de modo a evitar parecer autoritários, perdem-se em argumentações sobre as necessidades do cumprimento das ordens. Como a criança não consegue estar atenta durante muito tempo, é bastante provável que no final da explanação do progenitor ela já não se lembre da maior parte do que foi dito.

ü  DAR ORDENS SOB A FORMA DE PERGUNTA Perguntar” podes ir agora fazer os trabalhos de casa?” deixa um espaço livre para que a criança diga que não. As ordens devem ser claras e assertivas.

ü  DAR ORDENS EM TOM AMEAÇADOR É frequente que, antevendo a batalha que vai ser travada após uma solicitação, os pais dêem a ordem já em tom de ameaça, como se a recusa já tivesse ocorrido. Assim, a criança vai tender a imitar o progenitor e a reagir no mesmo tom, uma vez que o clima de hostilidade já está instalado. Um aspecto de enorme importância prende-se com a consistência entre o casal, ou seja, o pai e a mãe devem esforçar-se por ter a mesma atitude, caso contrário essa desarmonia será facilmente detectada pela criança e até usada para manipular os progenitores. Face-a este quadro, torna-se muitas vezes necessário um acompanhamento psicológico. O psicólogo pode ajudar a criança a lidar com a frustração e a encontrar canais mais saudáveis de escoamento dos sentimentos de hostilidade, ao mesmo tempo que se torna necessário ajudar os pais a lidar por essa difícil e desgastante tarefa.

 

Dicas para a escola

ü  Surtos de rebeldia, violência, agressão (física, verbal, objetos). Conter sempre com poucas pessoas, duas ou três que ele tenha algum vínculo, seja forte, e tenham condições de levar o aluno para um local calmo. Ele deverá ser sempre responsabilizado por seus atos. Nunca culpabilizado ou castigado. Mas criar condições de reparação da atitude que cometeu.

ü  Evite falar com ele no “surto”. Apenas diga depois que você se acalmar falarei com você.

ü  Evite gritar, se estiver alterada não insista na situação a ideia é desestabiliza-la mais ainda. Chame alguém que esteja calmo e tenha contato com o aluno, mas nada de ir para diretoria!

ü  Colocar o aluno para fora da classe por alguns minutos: esta combinação deverá ser feita em conjunto com todos da escola é uma intervenção delicada que requer adesão de todos da escola, para não virar a favor do aluno, ou fontes de mal entendidos. Não deve virar rotina nem ameaça. O objetivo é o limite.

ü  Trazer um pensamento por três dias sobre o que aconteceu de bom ou de mal. Ou fazer um desenho, poema, pintura, escultura, com sucata, dobradura qualquer forma de expressão criativa.

ü  Fazer um gesto de gratidão, generosidade, solidariedade para alguém na classe todo semana, e os demais alunos também para com ele. Eles precisam de modelos constantes.

ü  Elogiar muito mais as condutas positivas por mais simples que sejam.

ü  Investir nas competências ou habilidades intelectuais, inteligência emocional, até que ele possa ter confiança e possa se sair bem em outras situações

ü  O estigma é pesado o aluno chega na classe chamado de terrível, problemático, ladrãozinho, hiperativo, não tem jeito, não tem futuro. Portanto ele não tem mais identidade, virou pedaços de adjetivos. Ninguém mais sabe quem ele é. Há a necessidade urgente de se trabalhar a história dele, a identidade, a origem do nome, chamá-lo pelo nome e até criar um apelido carinhoso, pedir para trazer fotos.

ü  Contar histórias de pessoas simples que lograram sucesso, objetivo criar modelos identificatórios reais, não ídolos e exceções de gente que ficou rica do dia para noite, nem sermões do tipo o trabalho enobrece o homem. Sua capacidade mental não atinge estas elaborações, elas precisam ser construídas, destruídas e depois reconstruídas.

ü  Trabalhar o grupo os acordos e normas da classe.

ü  Montar um “tribunal” aonde são julgados e colocar as regras e punições: bônus, presentes, ganha carinho, bala, perde “X” tempo do recreio, ajudar na escola em outro horário.